domingo, 8 de março de 2009

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS NÃO EXISTE!

Frei Beto, militante político de esquerda desde a ditadura militar, e grande pensador do Brasil, filósofo dos tempos atuais, divulgou um texto no Estado de São Paulo, intitulado A Escola dos meus sonhos, no qual fazia sérias críticas à educação escolar tradicional, mas colocava-se cheio de esperanças, e profetizando uma educação totalmente voltada para a vida e sem preconceitos.
O texto deixou-me encantado, devido à tamanha sabedoria, humildade e bem dosado com um pouco de ingenuidade. Fez-me refletir, alimentar esperanças e decepcionar-me, pois ‘a escola dos meus sonhos’ está distante, talvez impossível de acontecer. Gostaria de possuir esta fé dos religiosos para as mudanças, porém a nossa história não é de fé, é de continuísmo.
A escola dos meus sonhos com suas aulas de eletricidade, hidráulica, mecânica, e de marcenaria está de longe se tornar real e substituir os aulões de matemática que busca levar os alunos a um conhecimento mínimo para que passem no vestibular. E de substituir as avaliações de história cheias de datas e episódios, com suas autenticidades suspeitas porém decoráveis e indispensáveis para a nota, por uma voltada para o conhecimento e criticidade da realidade.
A escola dos meus sonhos, na qual todos os temas são tratados com abertura e profundidade, sem preconceitos e preferências ainda está distante, uma vez que religião só a católica; morte ninguém quer falar; sexualidade é profano e transcendente da aula, e só tratado quando o professor quer enrolar aula. E quem falar em política quer perder o emprego...
A escola dos meus sonhos enraizada em ideologias e com professores periodicamente capacitados só vai existir quando as massas burguesas perderem o poder de manipulação, e o povo principalmente alunos e professores notarem a importância e o poder que têm na sociedade. E só teremos profissionais bem capacitados no momento em que este ver a riqueza que uma boa preparação pode traze-lo e busca-la; e não ficar a espera de, a cada seis meses, a Secretária de Educação mandar uma equipe de capacitadores graduados (apenas graduados) para ministrar esses estudos.
A escola dos meus sonhos com professores exclusivos para cada autarquia de ensino, ganhando satisfatoriamente bem e voltados mais para a educação que para a instrução é impossível. Pois, os sistemas burocráticos, com seus excessos de registros e ações e metas pré-estabelecidas esgotam o tempo do professor se preparar de verdade e realizar um trabalho voltado para mudança e conscientização da sociedade; e só vai existir quando as avaliações deixarem de ser apenas obrigações burocráticas e passarem a ser diagnósticas, identificando as dificuldades do alunado para se resolver em diálogo com ele, não o tachando em bom ou mau aluno,mas se encontrando alguma dificuldade do aluno lutar para solucionar, aliás, este é o oficio do professor...
E o salário? Ah, na escola que eu vejo quando estou acordado, vejo que professor só vai receber bem quando não houver mais escolas.





( * ) Reflexão feita por Almir Almeida de Oliveira, graduado em Letras com especialização em Língua Portuguesa.

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