segunda-feira, 9 de março de 2009

Tabagismo nas mulheres

A Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) aproveita o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, para lançar um novo material em seu website, intitulado Tabagismo e Saúde Feminina, e faz um alerta sobre este assunto, aproveitando Dia Internacional da Mulher, em 08/03.
Preparado pela médica ginecologista Edina de Araújo Veiga Lion, consultora da ACT, o material mostra que riscos e doenças antes tipicamente masculinos hoje atingem também as mulheres. O tabagismo, incorporado ao dia a dia da mulher associado a uma falsa imagem de independência, juntamente com a exposição ao tabagismo passivo, têm elevado impacto sobre a saúde feminina.
Evidências científicas têm demonstrado que as mulheres são tão ou mais suscetíveis que os homens aos malefícios do fumo, tanto nos aspectos de saúde geral (cardiovascular e pulmonar, por exemplo), quanto nas peculiaridades próprias do sexo, como a gestação, a menopausa, o uso de pílulas anticoncepcionais, os cânceres de colo uterino e mama, entre outros.
'Light' só no nome
Em termos objetivos, podemos dizer que o tabagismo mata homens e mulheres, mas há diferenças específicas do gênero, cujas evidências são crescentes. Pode-se exemplificar observando que mulheres adquirem câncer de pulmão com exposições menores que os homens; adenocarcinomas (cânceres glandulares) ocorrem mais em mulheres fumantes que em homens, e podem resultar de modos diferentes de fumar (inalação profunda) e/ou produtos voltados às mulheres, como os chamados cigarros "light".
No caso da doença arterial coronariana na mulher, observa-se uma maior gravidade e mortalidade que nos homens, e estudos médicos atuais orientam que as diferenças fisiopatológicas, os riscos tradicionais e psicossociais, sintomas, tratamentos e resultados em homens e mulheres devem ser revisados, a par destas diferenças gênero-específicas.
A doença cardio e cerebrovascular é a causa de morte mais comum entre fumantes. Nas mulheres, embora o status hormonal possa ter um papel estabilizador da placa aterosclerótica, o tabagismo pode influenciar nas complicações da aterosclerose.
Câncer
As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para 2008 no Brasil prevêem 9.460 novos casos de câncer de pulmão, classificando-o como o quarto mais frequente nas mulheres brasileiras (sem considerar o câncer de pele não melanoma), exceção feita à região Nordeste, onde ocupa o quinto lugar.
Estudos médico-científicos observam que os níveis de mortalidade por câncer de pulmão entre os homens têm se mantido estáveis ou até diminuído, em países desenvolvidos. Entre as mulheres, entretanto, tem havido um marcado aumento de mortalidade. Tal fato relaciona-se à redução do consumo de cigarros entre os homens, nestas últimas décadas, nestes mesmos países desenvolvidos.
Sabe-se também que o risco de câncer de mama aumenta quando o tabagismo começa cinco anos após a primeira menstruação e em mulheres sem filhos, fumantes de mais de 20 cigarros/dia ou que tenham fumado cumulativamente 20 maços/ano ou mais.
Estudos recentes sugerem que tanto o fumo ativo quanto o passivo levam a um aumento no risco de doença, comparando-se com as mulheres não fumantes (ativas ou passivas). Há também risco de câncer de pulmão para mulheres fumantes submetidas à radioterapia para tratamento de câncer de mama.
O câncer de colo uterino é atualmente o segundo câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável por 230 mil mortes ao ano, em todo o mundo. No Brasil, segundo as estimativas do Inca, são esperados 18.680 novos casos em 2008.
A relação do tabagismo como importante fator causal para o câncer do colo uterino já é bem conhecida pela ciência. O tempo de sobrevida após o câncer de colo uterino também é influenciado pelo tabagismo. Estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina na Universidade de Washington chegou à conclusão que a sobrevida de mulheres com câncer de colo uterino diminui na presença do tabagismo.
Bebê e mamãe
A chamada Síndrome da Morte Súbita do recém nascido ocorre com mais frequência (de 1,4 a 3 vezes mais) entre os filhos de mães fumantes.
Não podemos esquecer também que a mãe fumante muitas vezes torna seus filhos fumantes passivos; tais crianças possuem um risco maior de apresentarem bronquite, pneumonias, otites (infecções de ouvido), asma (formas graves), sintomas respiratórios e crescimento pulmonar mais lento.

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